tag:blogger.com,1999:blog-68278338887011124562023-06-20T06:52:08.302-07:00Twisted ThoughtsEscrever me faz bem, alivia um pouco as mágoas, as angústias. Ainda não tenho maturidade pra falar sobre alegria. Por enquanto, só a dor motiva a expressão.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.comBlogger12125tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-85001104948677072762013-04-08T21:01:00.004-07:002013-04-08T21:08:55.060-07:00CagaçoEu estava por ali, meio em pé, meio encostado. Me sentindo assim sem graça, um pouco andando, um pouco parado. Me sentindo bem sozinho, carente e angustiado. Pensando em como olhar, no que dizer, ou, quem sabe, em como agarrar pra ser querido e desejado.<br />
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Tanto pensei que nada fiz e ele, assim como quem não quer nada, com sorriso maroto e jeito de garotão, tirou a moça pra dançar e me deixaram abandonado. E ela gostou da brincadeira. Quis me fazer ciúmes? Não sei. Senti a dor dos inseguros, o medo dos sensíveis... O cagaço dos apaixonados.<br />
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Fui embora e não vou ligar. Ela é quem me deve explicações... Ah, como eu queria! Saber dos meus erros e dos meus acertos, saber dos meus encantos... Ah, como eu queria saber se ela é minha, se aquilo foi só charme ou se, realmente, tudo o que nunca houve já passou sem o capricho de sequer ter havido. <br />
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<br />Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-77748580597059317202009-05-26T21:32:00.001-07:002009-05-26T21:34:01.744-07:00SaudadeAh, eu sinto tanta coisa ao mesmo tempo quando penso nela. Dá vontade de rir, de chorar, de agarrar, de fugir. Tudo junto. Mas é tanto sentimento que no final das contas eu não saio do lugar. Cada coisa empurra pra um lado e no fim tudo se anula, menos a saudade. E eu fico aqui, parado. Sozinho.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-50688126515765598562009-05-07T20:59:00.000-07:002009-05-07T21:56:04.980-07:00Hey Jude e IdiossincrasiasEstou cada vez mais ligado no Facebook. Não sei como não comecei a usar aquilo antes, tudo é bacana. Muito interativo mesmo. Também tenho mania de ficar fazendo todo quiz que aparece pela frente. Bem, nem todos, mas enfim, aqueles que parecem mais interessantes. Hoje fiz, dentre outros, o "which Beatles' song are you?" O resultado: Hey Jude.<br /><br />Difícil falar em música favorita dos Beatles, mas Hey Jude é, sem dúvida, das que mais se comunica comigo emocionalmente. Por tudo. O arranjo, a interpretação deles, a letra. Realmente não é difícil eu me emocionar bastante escutando esse som. Tem algumas coisas que parece que simplesmente desligam qualquer defesa e/ou filtro que eu possa ter. Vão direto para o coração.<br /><br />Geralmente é algum texto bonito ou, mais facilmente, um filme bem feito e, mais facilmente ainda, uma música. Tudo que está em volta some e eu fico lá, ligadão. Isso sem falar na beleza. Como eu sou refém do belo! Pode ser uma pintura, uma fotografia, um por do sol, um bicho correndo, selvagem. Mas quando é uma mulher, então... Com graça, romance e, principalmente, pequenas idiossincrasias. Adoro essa palavra.<br /><br />No Michaelis (o que apareceu primeiro no Google) está definida assim:<br /><br /><span class="descricao"><b>1</b><i> Med</i> Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa.<b> 2</b><i> Psicol</i> Qualquer detalhe de conduta peculiar a um indivíduo determinado e que não possa ser atribuído a processos psicológicos gerais, bem conhecidos.<br /><br />Resumindo, escolhi essa palavra pra definir aquela coisa única que só determinada mulher tem e ou faz daquele jeito. Pode ser um sorriso maroto, um olhar 43, um jeitinho de andar, de mexer as mãos, um brilho, um cheiro. As idiossincrasias é que podem fazer uma mulher bela - ou não - ao menos aos meus olhos. E sempre que me apaixono, é por todas essas pequenas coisas e, muito provavelmente, justamente por causa delas! Quando acaba, é do que eu sinto mais falta.<br /><br />Daquele jeito de se vestir que só ela tinha, do cheiro que ninguém consegue duplicar, da gargalhada que soltava vendo alguma coisa na tv, do grito quando escorregava ou ia derrubar alguma coisa das mãos, do jeito que arregalava os olhos surpresa com algumas situações... Me prendo a esses momentos e fica difícil esquecer. Assim como me prendo a cada detalhe do Ringo tocando Hey Jude. O timbre dos pratos, o jeito que os tambores estão afinados, bem abafados...<br /><br />Eu sou, com certeza, do micro e não do macro. Presto atenção em tudo e me encanto, ou me decepciono, por conta de cada uma das pequenas coisas que fazem o todo. Quanto mais especiais, mais prendem a minha atenção. As vezes tenho até dificuldade de abstrair pra apreciar o conjunto da obra. Preciso primeiro escutar o Paul, depois John, depois George, depois Ringo - não necessariamente nessa ordem - e só quando percebo que todos soam muito bem, é que consigo ouvir o todo com o coração aberto.<br /><br />Engraçado como com as coisas funcionam de um jeito diferente nos meus relacionamentos: fico tão preso nas idiossincrasias que me encantam, que tenho dificuldade para perceber o que é o verdadeiro todo e qual o impacto que ele vai ter sobre mim. Não quero abandonar essa capacidade de enxergar - e me encantar cegamente - por cada um dos mínimos detalhes, mas preciso me concentrar mais para não me prender a eles e sim me apaixonar - ou não - pelo resultado final do que todas aquelas idiossincrasias significam juntas.<br /><br /><br /><br /><br /></span>Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-68719688905233894582009-05-03T21:38:00.000-07:002009-05-03T22:12:52.687-07:00UneasinessJá tá um pouco tarde pra começar a escrever (1:39 da segunda-feira), mas tem alguma coisa ruim que eu preciso botar pra fora, ou talvez alguma coisa boa que eu preciso botar pra dentro. Só sei que tem que mudar; do jeito que tá não dá pra ficar. To me sentindo meio peixe fora d'água ultimamente. Can't fit in; sempre falta alguma coisa. It's a feeling of uneasiness. Não tem palavra em português pra expressar isso, mas no Merriam-Webster uneasiness tá definida assim: "<span mwref="http://www.m-w.com/mwref" class="sense_content">causing physical or mental discomfort".<br /><br />Realmente é isso... Não importa o que eu faça, ou onde eu esteja, sempre tem alguma inquietação de fundo, alguma coisa que me impede de curtir totalmente o momento. Outro dia tive uma dificuldade absurda para ouvir música. Pra mim, música não é uma distração; é vida. Quando eu coloco headphones e não consigo me desligar de qualquer pensamento que esteja passando na minha cabeça, pra simplesmente me deixar dominar pela música, é porque algo está errado.<br /><br />Falando em música, eu tenho escutado muito Valerie dos Zutons, Heartstrong do Silvertide e Girl I Wanna Lay You Down da Animal Liberation Orchestra. Eu gosto delas por inteiro, mas cada uma tem uma frase que eu canto do fundo da alma; respectivamente:<br /><br />Valerie: "won't you come on over... stop making a fool out of me!"<br />Heartstrong: "I just can't stand to see you smile from a picture frame..."<br />Lay You Down: "But this feeling that I have for you is burning up my world!"<br /><br />Então resolvi pegar o violão e tocar e cantar e cantar e tocar... E fez um bem danado, né? Acho que nunca cantei tão bem. Especialmente sábado a noite. Botei todos os demônios pra fora e até me perguntaram se eu fazia aula de canto. Mas foi no bom sentido, porque também ganhei elogios. O trabalho também tá indo muito bem. Bastante diferente dos meus posts anteriores. Consegui voltar ao estilo "trator". Bem objetivo, esforçado, rápido, dinâmico.<br /><br />Esse texto tá um pouco contraditório, mas na verdade é simples: quando estou concentrado, tudo vai bem. E eu tenho conseguido fazer isso ou trabalhando duro, ou cantando alto de olhos fechados. Nas outras vezes, everything goes a little uneasy. Parece difícil equilibrar e conseguir sucesso em tudo. A boa notícia é que me parece que o problema não é mais ansiedade. Essa etapa deve ter sido superada. Dá até medo de comemorar, mas estou mesmo aparando as arestas e crescendo.<br /><br />O resultado final, ainda não sei. Na verdade, já estou começando a me questionar se existe final nisso tudo... O negócio é equilibrar as emoções no dia-a-dia (ainda tem hífen depois reforma?) e esse é o grande desafio. Sair dos ups and downs e ficar tranquilo no meio termo. Sem essa inquietação de ter que procurar grandes paixões, grandes desafios, grandes novidades, de precisar de grandes conquistas...<br /><br />Talvez o problema, realmente, ainda seja a ansiedade... Mas agora é diferente. Não é que eu não consiga me livrar dela; é que eu consegui mas eu sinto falta! Meta: Aprender a viver sem a ansiedade e entender que eu tenho mania de procurar coisas, pessoas e situações que me trazem ansiedade porque estou acostumado a esse sentimento e isso me coloca numa zona de conforto que, na verdade, não é nem um pouco saudável a longo prazo.<br /><br /></span>Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-53886517057561067342009-03-09T20:52:00.000-07:002009-03-09T21:21:34.915-07:00O desafio do anoEu to aqui mais ou menos, meio desanimado. As vezes tenho dúvida se escolhi a profissão certa - o que por vezes questiono - e quase sempre tenho dúvidas a respeito de estar ou não no lugar certo. O que é pior: não sei nem mesmo qual é o lugar certo, qual o ideal a ser perseguido. Pra mim é estranho não ter um curso natural das coisas pré-estabelecido.<br /><br />Quando estamos no colégio, já sabemos que depois do primeiro ano vem o segundo, depois do segundo vem o terceiro... Ou então na universidade, em que a certeza dos cinco anos de curso é sempre presente. A meta é o próximo ano, o caminho para isso é o estudo. Tão certo quanto dois mais dois são quatro. Eu sempre reclamei de regra na vida, agora sinto falta delas.<br /><br />O que será do ano que vem? Não há estrada pronta, nem garantia do resultado. Eu tenho um bom salário, mas poucas - na minha visão - perspectivas de crescimento onde estou. Para crescer, preciso fazer o escritório crescer. É complicado. Gostaria de olhar pra frente e ver os degraus da escada prontos. Subir já é bastante difícil. Imagina então olhar pra frente e não ver escada alguma... O fato é que fico confuso e desanimado diante da ausência de planos.<br /><br />O grande problema disso tudo é que ainda não consegui decifrar se a questão é racional ou emocional! É muito fácil colocar a culpa nas coisas que estão a nossa volta, mas talvez a grande dificuldade seja a minha própria incapacidade de conviver com a incerteza, o que cá entre nós, é coisa da vida e eu não vou poder mudar em qualquer lugar que esteja.<br /><br />Mais do que conviver com a incerteza, é também uma dificuldade de aplicar disciplina ao dia-a-dia e abrir mão de querer viver somente quando há prazer em tudo que se faz e torcer o nariz para todas as outras atividades burocráticas... O prazer é uma sensação e, se é sensação, só pode ser efêmero.<br /><br />Não posso esperar ocupar o dia com essa sensação, muito menos me deixar dominar por ela no plano das idéias. A frustração é grande depois e eu vinha me utilizando bastante desse mecanismo de defesa. Fugia, mesmo, para o mundo das idéias. Planos mirabolantes, desejos. Assumia dívidas... Coisa de maluco.<br /><br />Estou fazendo terapia e aprendendo bastante. Depois conto mais, mas em resumo, são esses os desafios que 2009 me apresenta. Talvez ninguém entenda nada, mas pra mim mesmo eu já me expliquei. Basta.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-43975205456243359962009-01-15T19:07:00.000-08:002009-01-21T06:59:28.045-08:00as seis palavrasHoje eu olhei nos olhos dela e tinha tanta coisa pra dizer, mas não consegui falar nada. Acho que eram todas coisas que não combinam com as palavras. Eram de ver e não de ouvir. De sentir e não de entender. Sentimento não tem razão, não tem lógica. A gente sente e pronto. E não dá pra guardar, nem pra esconder. Foi feito pra dividir, pra mostrar, pra contagiar, pra explodir. Eu queria os olhos dela por vários minutos, horas, dias ininterruptos... Só para olhar lá, bem no fundo, e fazer ela entender tudo. Todas as coisas que eu não consigo falar, que não consigo escrever... Toda a certeza que, por mais que eu segure as mãozinhas dela com força, não consigo transmitir. Eu queria mandar no tempo, pra fazer o mundo parar com ela nos meus braços. Até que o nosso sentimento fosse uma coisa só, por osmose, fusão, ou qualquer meio cósmico de transmissão de energia que eu não sei nem se existe... Enfim, fui quase até a física quântica só pra explicar - e talvez pra eu mesmo entender - o que poderia ser dito com apenas seis palavras: eu quero ela do meu lado. Pra poder ficar feliz vendo aquele sorriso, pra poder ficar em paz sentindo aquele cheiro, pra me sentir protegido naquele abraço, pra ter prazer com aquele beijo... E pra devolver tudo em dobro pra ela, que sem esforço nenhum, me faz feliz só por existir de um jeito tão único e especial que eu precisaria escrever por mais duas horas pra tentar começar a explicar.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-14991449141410675262008-12-22T17:19:00.000-08:002008-12-22T19:29:25.870-08:00um bom anoO próximo ano está quase chegando. Tudo bem, a frase foi só um cliché, uma tentativa de não cair no lugar ainda mais comum do Tim Maia: "Mais um ano se passou". Só que é a verdade e acho que por mais criativo que eu seja, não existe outra forma de começar a falar sobre tudo que aconteceu, sobre mais um ciclo que se encerra. Um ciclo, sim. Por alguma convenção cármica, religiosa, que vem lá dos primórdios, quando alguém decidiu dividir o tempo dessa forma. Mais um ano se passou.<br /><br />Foi o ano mais rico da minha vida. Isso eu posso falar assim, de cara, sem dúvida nenhuma. Eu nunca passei por tantas coisas, boas e ruins, nos ciclos anteriores. Houve 1999, mas foi diferente da música do Prince. Meu pai morreu. De repente, sem avisar. Foi morto, na verdade, mas isso não faz muita diferença. Nunca fez. O fato é que se foi. Porrada na cara. Eu me lembro muito do ano 2000, meu "day after". Com 17 anos, cara limpa, tentando encarar a vida de frente. O que você vai ser quando crescer?<br /><br />Eu não percebi que eu ainda tinha que crescer. Que eu ainda podia crescer, que eu ainda devia que ser filho, ainda que só da minha mãe, com todas as dificuldades que isso pudesse representar. Não. Eu não tinha que assumir nada, não tinha que esquecer do meu amor pela arte, pela vida. Não tinha que pensar na segurança, nas contas, não tinha que ser pai de porra nenhuma. Mas foi exatamente isso que eu fiz.<br /><br />Até que depois de algum tempo, tive 2005 e 2006. Foda. Acabar a faculdade, ajudar a construir o sonho do escritório - em que eu era estagiário, mas assumi como se dono fosse - o famigerado exame da OAB, trabalho de conclusão. E no meio disso tudo a Camila. Aproveitava todos os bons momentos e me esforçava pra fingir ser alguma outra coisa diferente, boa para ela, nos meus momentos ruins. Tudo medo. De perder alguém que, na verdade, eu sequer tinha conhecido. Ela não foi a mulher da minha vida. Mas com certeza foi quem me fez acreditar nesse mito pela primeira vez.<br /><br />Tudo isso pra chegar em 2008 e tentar explicar porque, mesmo com todas essas coisas que falei dos anos anteriores, este ano foi o mais maluco e o mais rico de todos. Eu vou me lembrar dele pra sempre, e não por um ou dois detalhes ou acontecimentos marcantes, mas por um monte deles. Aqui, finalmente, eu me vi como eu sou. Eu sempre tinha me encarado como um prédio em construção. Em 2008 eu pensei um pouco em mim como um prédio precisando de reformas.<br /><br />O que eu to tentando dizer é que, de alguma forma, eu não olhava para o presente. A minha visão estava sempre lá, no futuro. A minha felicidade estava sempre lá, adiante. Os meus objetivos, as minhas metas, os meus planos, eram todos da minha família feliz quando eu tiver 40 ou 50 anos de idade. A minha viagem ideal não era o meu reveillon desse ano ou o carnaval do ano que vem. Era alguma foto de cartão postal, em algum ano distante do futuro feliz.<br /><br />Mas em 2008 não! Nesse ano eu me dei esses prazeres. Muitas vezes o meu dia legal foi hoje, a minha viagem bacana foi o próximo feriado, a minha refeição perfeita foi aquela que eu estava fazendo, naquele exato minuto! Eu não menosprezei isso por nenhum instante, não achei que aqueles prazeres eram pequenos perto dos meus planos mirabolantes, dos meus ideais, dos meus sonhos.<br /><br />Mas muitas outras vezes, o hoje foi uma merda imensa. Um emaranhado de problemas, de dívidas, de obstáculos, de solidão, de medo. Mas eu lutei. Não me permiti sonhar, não. Levei tudo isso no peito. Toda a insatisfação, o desgosto, as incertezas. Eu me dei todas essas dores, assim como me dei todos os prazeres. E com isso encontrei todas as minhas fraquezas. Todas as coisas que me faziam fugir da dor do presente para um bem estar utópico, num futuro que ainda não existe.<br /><br />Consegui perceber quando estou tranquilo, quando estou eufórico, quando estou depressivo. E consegui entender, na maior parte das vezes, a razão de todos esses momentos acontecerem. Fui quem eu sou. Com muito medo, sim, mas fui quem eu sou. E vivi. Consegui romper algumas barreiras e expor melhor as minhas virtudes e as minhas limitações. Ganhei ainda mais respeito e reconhecimento. Responsabilidades, também. Fui conquistador, ousado, muitas vezes eufórico, outras vezes depressivo.<br /><br />Vivi intensamente as amizades, os romances, as responsabilidades, os sucessos e os fracassos. E paguei as contas assim: a da euforia com cheque especial, a da depressão com terapia. Hoje eu acho que estou livre da euforia e da depressão, mas o cheque especial e a terapia persistem. Só que com consciência. De um jeito diferente. Mais presente, mais real, mais verdadeiro. Eu honestamente não sei onde isso vai dar, mas a grande mágica disso tudo é que estou começando a perceber que, de fato, eu não preciso saber. Eu não devo saber, não devo imaginar. Só quero viver cada dia da melhor forma que eu puder.<br /><br />E assim, como não poderia deixar de ser em toda grande história, encontrei uma grande paixão. Alguém com quem eu pude dividir toda a alegria do momento presente, com quem eu fui feliz dançando sozinho na festa, cantando sozinho na balada vazia. Alguém com quem eu tive prazer - e que teve prazer comigo - em assaltar a geladeira já quase no começo da manhã.<br /><br />Tudo o que nos uniu, tudo o que me fez ver tanto brilho naqueles olhos, tanta graça naquele sorriso, tanta vida e tanto encanto naqueles gestos, foi uma coisa só: a verdade. Tão intensa e ao mesmo tempo tão simples como só a verdade pode ser. Com ela, eu nunca fui pra onde eu não quis ir, eu nunca vesti o que eu não me sinto confortável em vestir, eu nunca comprei o que eu não podia pagar. E mesmo assim, eu não me lembro de ter dado tanto de mim para nenhuma outra pessoa.<br /><br />Também não me lembro de ter tido tanto medo, como eu tenho agora, de que o que eu sou pode não ser o bastante para tê-la ao meu lado. Mas hoje eu sei que viver consciente implica em conviver com essas dúvidas e eu decidi escolher a consciência, com todos os medos e incertezas que ela pode trazer. Não está sendo nada fácil, mas é o meu novo caminho - o único caminho - e eu estou profundamente, verdadeiramente, comprometido com ele.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-85716912156182986182008-09-24T20:15:00.000-07:002008-09-24T20:39:23.299-07:00o mundo antes dos 30Tá chegando a primavera, mas eu não me ligo muito nessa coisa de estações, até porque São Paulo não tem nenhuma estação definida faz tempo...<br /><br /> Também não ligo para datas festivas, esqueço de aniversários, casamentos e batizados, mas tenho me cobrado muito ultimamente, justamente em função disso: tempo. Acho que tem a ver com as expectativas, muito altas. Uma dificuldade grande de viver um dia após o outro, um sentimento de que os problemas não têm solução, só porque as coisas não estão saindo do meu jeito, ou seja, só porque eu ainda não conquistei o mundo antes dos 30.<br /><br />Uma pessoa especial me mandou uma frase muito bacana esses dias, logo pela manhã: "Were there a mountain all made of gold, doubled that would not be enough to satisfy a single person. Know this and live accordingly". Caiu como uma luva, mas eu não quis perder o rebolado: "Entendi! Preciso de três montanhas, então!" foi o que eu respondi. How stupid one can be? Mas lá no fundo, eu sei que o Dalai Lama tem razão. Será que se ele seria tão zen se no mosteiro tivesse conta de água, luz, gás e telefone pra pagar?Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-40818156954065895412008-07-27T22:21:00.001-07:002008-07-27T22:38:18.520-07:00A grama do vizinhoOutro dia entrei no elevador, pela manhã. Não era mais o elevador de casa, já era o do escritório. Um pouco tarde, como sempre. Mas eu saio tarde, também. Isso diminui um pouco da culpa. De terno, barba feita, nó windsor na gravata, perfeito. Impecável. Deixei o carro no terceiro subsolo e fui subindo. Ao parar no térreo, entra um rapaz. De tênis. Ipod nos ouvidos, mochila da Oakley, óculos escuros, uma camiseta bem bacana. O cabelo era meio moicano, bagunçado, divertido, livre. E nas pernas, uma bermuda.<br /><br />Eu podia suportar tanta coisa, mas não aquilo. Eu, prisioneiro até no barbear rente e o rapaz de bermuda! Foi provocante demais. Por outro lado, um olhar sobre o futuro, a invasão digital. Na Vila Olímpia tá cheio dessas coisas. Empresas de mídia, TI, marketing, webmarketing, e-market, e-sales, o virtual se sobrepondo ao real, em tudo, em todos. Quem se esconde atrás da tela, se apresenta para o cliente de bermuda, com cabelo moicano e iPod nos ouvidos. Afinal, não é preciso nem escutar Basta ler e escrever, nas múltiplas janelas, dos múltiplos computadores.<br /><br />Com mais calma, me lembrei que ele também é prisioneiro. Somos todos formiguinhas, carregando dez vezes o peso do nosso corpo nas costas. Pra quem olha lá de cima, do infinito, a única diferença era a cor. Uma das formiguinhas do elevador tinha as perninhas branquinhas, pois estavam de fora. Mais tarde, Bourbon Street para assistir Jorge Drexler cantar. Ali, não senti a menor saudade da bermuda do vizinho. E por falar em vizinho, the grass is always greener on the other side. Alguém duvida?Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-45027148112709934502008-06-15T11:33:00.000-07:002008-12-22T19:12:49.943-08:00DomingoJá faz muito que não escrevo e é difícil entender se o que faltou foi tempo, tédio ou tristeza. O mais fácil é dizer que faltaram os três, mas não quero admitir que estou triste agora. A verdade é que estou sozinho. Toca Jorge Drexler no rádio e a gata está perambulando pelo apartamento. <div><br /></div><div>A casa é vazia. Sinto falta da minha bateria, mas depois da mudança acabei me livrando dela porque, ainda que ela coubesse aqui, o barulho seria uma grande sacanagem com os vizinhos. Nenhum desses argumentos da razão, entretanto, faz passar a saudade. </div><div><br /></div><div>Já notaram como é difícil a nossa convivência com nós mesmos? Sem nada pra fazer, sentado na sala de casa, já fui procurar a bateria pra tocar, a moto para andar, os amigos para telefonar e marcar alguma coisa... E de repente, deu vontade de sentir paixão. Aquela que faz todo o resto sumir, como se nada mais fosse importante. </div><div><br /></div><div>Como é bom estar apaixonado. Será que é mesmo da bateria, da moto ou dos amigos que estou com saudades? </div>Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-18871091630414501132008-03-26T21:25:00.001-07:002008-03-26T21:27:27.683-07:00Algumas vezes aparece uma vontade incomensurável de escrever. Não é facilidade nenhuma, nem dom, mas simplesmente uma dificuldade maior do que a das outras pessoas para lidar com as emoções, que volta e meia parecem simplesmente fugir do controle da razão e não cabem, de jeito nenhum, dentro do peito.<br /><br />E quase sempre essas emoções inquietas que escapam para o papel são justamente as tristezas, as mágoas, os desapontamentos. Não seria melhor que a gente transbordasse de alegria? A verdade é que a tristeza nunca cabe inteira nas lágrimas, mas a alegria tem mania de escapolir com facilidade e graça pelo sorriso.<br /><br />Ninguém pode ser feliz pra sempre. E a infelicidade está justamente nessa luta que cada um tem consigo mesmo pra conseguir aceitar a rotina, as tarefas, a melancolia. O segredo deve ser conseguir encarar um dia de cada vez, sabendo que a felicidade vai bater na porta, encher o coração e se esvair no sorriso.<br /><br />Não há nada de errado nisso, contanto que as lágrimas também levem embora toda a tristeza.Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6827833888701112456.post-45930917034768148572008-03-16T21:52:00.000-07:002008-12-22T17:15:53.430-08:00Ultimamente tem sido difícil ficar sozinho e eu me pergunto por que. Há o gato, os videos, as músicas, a casa que eu construí, os móveis que eu coloquei dentro dela, a cama nova. A roupa de cama nova. O computador novo em que escrevo, me lembro do frio na barriga quando carreguei ele loja afora. Não, eu não estava fugindo, foi pago. Era só a emoção da conquista.<br /><br />Tudo parece ir bem. De vez em quando, viro amigo do cheque especial, ou dos empréstimos… Mas isso passa. É só o custo de querer tudo na frente, de querer estar sempre na frente do tempo, da ordem das coisas. Muitas vezes o ritmo é rápido, mas em muitas outras ocasiões sou eu quem acelero ainda mais. E depois, pra diminuir a ansiedade, algumas pílulas da alegria não fazem mal a ninguém.<br /><br />Estranho, não é? Hoje eu levantei a tampa da privada e a gata voou lá pra dentro. Como se ela não soubesse que havia água. Bom, acho que na verdade ela não sabia… Peguei alguma toalha mais velha que encontrei e fiquei secando a menina. Perda de tempo, eu pensei… Será?<br /><br />Por que a pressa? Por que sentir culpa ao passar o domingo inteiro dentro de casa sem fazer absolutamente nada… A vida é mesmo curta, como dizem? Antes os textos tinham mais respostas, hoje só encontro perguntas. Achei que fosse crescer e ficar mais forte, mais confiante, mais rico, mais poderoso. Quanta ilusão…Heterônimo 17http://www.blogger.com/profile/04704722138997389184noreply@blogger.com0